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06/04/2011

A EVOLUÇÃO DOS SUPERMERCADOS

Lembro-me quando ainda com sete anos de idade minha mãe ia ao supermercado Rainha, na Pavuna e comprava arroz, feijão, açúcar, café e até macarrão à granel; isto mesmo! Os produtos eram pesados na hora. O mesmo era praticado nas casas da Banha, no Disco, Ideal, Mar e Terra e Sendas. Lembro bem que as Sendas tinha muitas tradições, uma delas era a pontualidade de às dezoito horas sempre tocar a “Oração da Ave Maria”, isto mesmo! Um locutor que se chama Paulo de Castro recitava a oração por inteiro. Muitos clientes iam exatamente naquele horário para participar daquele ritual. E pode acreditar o fato se dava com pontualidade. Sem contar que os clientes aproveitavam para beber água gelada, cafezinho e de vez enquanto batiam um papo com o locutor e até mesmo com o proprietário.

Seguindo mais à frente nas Casas da Banha as crianças se divertiam com o porquinho, símbolos da casa na entrada da loja e recebiam um cofrinho em forma de porquinho como brinde. Não posso deixar de frisar que os clientes levavam as suas compras nas bolsas de papel que eram muito resistentes e não causavam essa poluição de agora nem esta polêmica que as sacolas de plásticos estão causando. Mas... Isto é uma outra história.

Fui crescendo tendo que enfrentar aquela “maldita” fila do feijão e do óleo nas portas destes supermercados (Ah! Que ódio ter que faltar a aula para garantir um lugar na fila para comprar dois ou três quilos de feijão). Mas, o Brasil foi evoluindo e com isso a administração destes supermercados também. Porém, alguns não resistiram e começaram a quebrar; o primeiro foi o Ideal que foi comprado pelas Casas da Banha de propriedade da família Veloso que mais tarde foi vendido para o Disco que depois foi vendido para o Paes Mendonça da Família Mamedes. No final da história o guerreiro disto tudo foi o Sr. Arthur Sendas que resistiu até a última prateleira. Lembro bem que ao chegar em uma das lojas não encontrei se quer um item na seção de líquida. Mas... A globalização estava na porta e junto estava entrado o capital estrangeiro.

Já estava casado, adulto e como Pesquisador de Preço de uma rede varejista fui notando que após uma recuperação inédita das Casas Sendas ao criar o seu Hipermercado com a marca Bon Marché tudo poderia mudar (afinal era o terceiro hiper no rio após Carrefour e Freway) Tanto que chegou a Ilha, Santa Cruz e Tijuca. Mas...A administração foi crescendo as pernas longas para passos curtos, tentou até criar uma outra marca: O Mais Em Conta, não deu certo. O negócio foi desandando a partir da comprar da rede Três Poderes para dar lugar às lojas Super EX. Conclusão: Fui tendo que ver nos finais dos anos 90 as prateleiras do Bon Marche ficarem cheias de espaço por falta de mercadorias, afinal negociar espaço em hiper custa caro; ai não deu outra, começou a veicular na TV uma campanha das Sendas com o gingle: “Carioca da Onde “ era nada mais que uma resposta a invasão da rede paulista Pão de Açúcar, que já vinha arrematando o Freway, Paes Mendonça e o ABC, a partir daí muitos boatos seguiram, até o Sr Arthur Sendas (aliás muito apreço por este, afinal fomos entre aspas vizinhos na pavuna). Dizia ele na época: “Eu estou mais para comprar do que para vender” em resposta ao “namoro do Sr. Abílio Diniz”. È... já estou falando dos anos 2000, estou quase coroa, mas ainda assim lá estava eu realizando as minhas pesquisas de preço nas Sendas, bebendo água gelada, cafezinho e em algumas lojas; indo ao banheiro. O tempo foi passando e observava que a quantidade de produtos pesquisados estava diminuindo; não pelo cansaço, mas, pela falta deles nas prateleiras. Isto não estava me cheirando bem, parecia uma ida ao passado, quando o mesmo aconteceu com o ABC. Porém, pensava...Talvez vai virar mais uma loja Bon Marche, contudo acordei para a realidade quando vi um diretor do grupo Pão de Açúcar numa loja Sendas de Niterói indagando aos funcionários sobre o espaço na loja. Pronto! Tem dedo do paulista ai. Eu lembrei “carioca da onde” São Paulo. Meses depois se divulgava a união do Grupo Pão de Açúcar com as Sendas. Nos meses que se seguiram as prateleiras foram abastecidas, as lojas sendo reformadas, mas...Fiquei com saudade do cafezinho, da água gelada e em algumas lojas; do banheiro. Ah! A oração da Ave Maria, já não estava sendo veiculada nas lojas desde antes do prenúncio da falência. Vocação não falta, afinal o Sr. Abílio Diniz é devoto de Nossa Senhora De Fátima, mas, hoje vivemos numa democracia onde a manifestação religiosa não deve ser exposta em lugares públicos. Não soará bem. Voltando as reformas após a fusão, digo que os lay-outs das prateleiras não acrescentou muito, nem tampouco o espaço físico, pois algumas lojas só receberam mudança de pintura para lembrar a logomarca do Grupo Pão de Açúcar. Quanto aos preços, fui criado vendo alguém comprar para mim, cresci com alguém comprando por mim e hoje compro o preço que me convém. Alíás isto é uma outra história. Continua... Aguardem!

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