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27/09/2009

Entendendo a Maracutaia

Na semana passada um amigo me perguntou se eu me lembrava da confusa negociação na época que se deu a venda dos supermercados Dallas, Rainha e Continente? eu falei que sim mas não deixei muito claro. Agora pesquisando nos meu arquivos consegui o texto do discurso do Sr. José Nader na ALERJ. Transcrevo abaixo e vejam como é o mundo dos negácios.

nformações Básicas
    Sessão: Ordinária Expediente: Final
    Autor do Documento: Adriana Fonseca/ALERJ Data de Criação: 11/04/2008
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Data da Sessão:10/04/2008Hora:17:35
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Texto do Discurso


    O SR. JOSÉ NADER – Sr. Presidente, Srs. Deputados, senhores funcionários em extinção nesta Casa Legislativa, que saudade temos de funcionários efetivos. Essas coisas que acontecem na Assembléia não aconteceriam se existissem funcionários com anos de Casa e com mais responsabilidade. Quero fazer aqui uma consulta porque estou vendo que a TV Alerj está ao vivo, mas acho que ela não está passando na televisão. Eu gostaria de saber agora, da TV Alerj se está passando na televisão ou não, porque está ali no quadro, ao vivo, mas não vemos a transmissão.

    O SR. PRESIDENTE (Coronel Jairo) – Eu vou responder a V. Exa. Às quintas-feiras transmitem a Câmara Municipal. Mas pode ficar tranqüilo porque todos os telespectadores da TV Alerj vão ver V. Exa., a partir das 21 horas, porque a TV Alerj grava, na íntegra, os depoimentos. Hoje, às nove horas da noite, não ao vivo, mas gravado, estarão transmitindo este plenário, com riqueza de detalhes. Se V. Exa. por acaso tropeçar, a TV Alerj corrige, porque está em evolução, agora dirigida pelo Dudu.

    O SR. JOSÉ NADER – Que coisa boa, quando eu vejo o presidente integrado com todo procedimento da Casa. Eu fico muito feliz. A informação que está ali diz “ao vivo” e isso me deixou confuso, por isso pedi a interferência de V. Exa. Quem, Senhor, habitará em Teu tabernáculo? Quem há de morar em Teu santo monte? O que pratica a justiça e de coração fala a verdade.

    Deputado Wagner Montes, com certeza esse assunto vai causar muito espanto a V. Exa. No ano de 2000, nesta Casa, houve uma denúncia do Deputado Eider Dantas a respeito de uma junção de três grandes redes de supermercado - Dallas, Rainha e Continente.

    Venho estudando este caso e pude detectar algumas coisas: nessa denúncia do Deputado Eider Dantas, o Ministério Público entrou em ação para fazer a sua verificação. Mas, quando foi consultar o Ministério Público, eles não acharam o processo de investigação. Aí, denúncia que me chegou relata que essa composição dos supermercados se deu da seguinte forma: Dallas, Rainha e Continente venderam... - isso foi montado pelo Sr. Silverinha, aquele do “propinoduto”, ele mesmo - e isso passou meio batido na Comissão, na CPI do Propinoduto. Mas, como essa denúncia chegou ao meu gabinete agora, eu comecei a me aprofundar. Segundo me informam, esses três supermercados venderam o supermercado para a grande rede Carrefour, francesa, tudo feito pelo Sr. Silveirinha. E nessa venda para o Carrefour sumiram os débitos fiscais desses mercados.

    Eu estou me aprofundando. Como vi isso, engendrado por um camarada que conhecia tudo dentro da Secretaria de Finanças, logo a seguir a essa venda feita ao Carrefour, eles tomaram... o Carrefour detectou que as redes que ele havia comprado eram de lojas que não davam lucro e venderam novamente para as mesmas pessoas, porém sem os débitos fiscais. Eu achei isso muito estranho e percebi nisso tudo, - eu quero até dizer aqui que estou falando em cima da denúncia que recebi, - que o Carrefour estaria envolvido com o Sr. Silveirinha para manobrar essa maracutaia. Isso foi esquecido no Governo do Estado. E, à época, nesta Casa, o Presidente era o hoje Governador Sérgio Cabral. Então. Estou pedindo ajuda dos Srs. Deputados porque quem viveu nessa época, nesta Casa, em cima dessas denúncias pode ter mais elementos que nos possam clarear esta denúncia. E, inclusive o Dr. Marfan Martins Vieira era, na época, Presidente da Associação do Ministério Público e eles se engajaram para saber desse débito fiscal, para onde foi.

    Uma outra coisa interessante é que quando eles compraram de volta essa rede de supermercados, que foi transformada em Presunic, quem comprou essa rede foram os filhos dos donos do Dallas, Rainha e Continente. Isso foi registrado na Junta Comercial com um capital social de 9 mil reais. Quanto seria o capital social dessas três empresas? Eram três grandes supermercados.

    Estou trazendo isso a esta tribuna porque estou me aprofundando nessas investigações e os Deputados mais antigos desta Casa, com certeza, poderão clarear melhor as nossas informações e nos ajudar a saber onde estão esses débitos fiscais, porque na época, nesta Casa, o Presidente era o Deputado Sérgio Cabral, que hoje é Governador. Então nós temos que saber aonde é que foi isso. De repente, até o hoje Governador pode nos informar melhor essa situação, porque os débitos fiscais desses supermercados eram grandiosos, e sumiram.

    Para onde foram? Acho que, de repente, o Secretário de Saúde Sérgio Côrtes deve ter comprado Doril e sumido com esse débito. Mas nós vamos nos aprofundar e vamos achar, Sr. Presidente, Deputado Coronel Jairo, onde estão esses débitos porque isso causou um rombo no Governo do Estado. E eu quero achar os responsáveis.

    Muito obrigado, Sr. Presidente, Coronel Jairo, pela sua ajuda nesse tempo que me excedi.

    Este texto é reproduzido na íntegra.


26/09/2009

Concorrência Acirrada


Nesta sexta-feira, dia 25 de setembro; a concorrência no centro de Belford Roxo aumentou. O Ricardo Eletro inaugurou mais uma loja na cidade, bem ao lado do Ponto Frio Bonzão que disputa espaço com a loja da Casas Bahia. Agora o Ponto Frio ficou no meio do fogo cruzado. Com certeza no dia da inauguração o que vi foi as duas lojas perdendo cliente para o Ricardo Eletro. È isso ai, que venham os concorrentes; isto gera arrecadação para o município e barganha para o consumidor.

25/09/2009

Shampu Metamorfose Ambulante


Nunca um produto mudou tanto de fórmula quanto o Seda. Desde 1968 quando chegou ao Brasil já teve várias versões: 1996(Ceramidas),1998(Hidraloe), 1999(Dna Vegetal), 2001(Seda Control), 2002(Pro Color e Lissage), 2004(Guaraná e Verão Intenso), 2005(A vida te despenteia), 2007(SOS), 2008(Camada Destacada e Crescimento) e 2009(A vida não Pode Esperar). Ai eu pergunto, se o produto é bom para que mudar tanto de fórmula? Fico com aquele velho slogan: "Se é bom é Granado". O Polvilho antisséptico Granado, O leite de Rosas, Minâncora e a Maizena continuam no mercado até hoje com as suas respectivas fórmulas sem precisar gastar muito com renovação de marca. E afinal se você ler a fórmulas da maioria dos Shampus perceberá que no básico é sempres as mesmas. Só muda algumas fragâncias e embalagens.

19/09/2009

Contando história parte 2



Quem é da década de 60 deve se lembrar deste nomes no varejo carioca:

Lojas Brasileiras, Slopper, Barbosa Freitas, Gelli, Masson, Óticas Brasil, Carrossel, Toca do Coelho Branco e Don Pixote (três lojas de brinquedos que eram a minha tortura), Casas Pernambucanas, Helio Barki, Ducal, Calçados Polar e DNB, À Parisiense, Blanea (artigos de praia, que era na Rua Domingos Ferreira), Bazar 606, Bazar Miramar, Mercadinho Azul, Agacê, Bonita, a lanchonete Gordon, Bonino’s, São João Batista Modas, Sambão e Sinhá, Le Bec Fin, El faro, Rio Jerez, Pomme D’Or, Sapasso, Casas Olga, Kalil M Gebara, O Príncipe, lojas de eletrodomésticos Tamakavi (essa era do Silvio Santos),Ultralar, Brastel, Bemoreira, Casa Garçon, Importadora Guanabara, Entrelivros, papelaria Casa Matos e os supermercados:
Mar e Terra, Merci, Ideal, Casas da Banha, Leão, Disco, Paes Mendonça, Peg e Pag, Serra e Mar, Camaro, Olinda, Rainha, Continente, Dallas, Barra, Lidel, Maracanã,ABC,Hesbom,Casa do Charque.
Aos pouco vou postar a nostalgia de alguns deste nomes.

Supermercados Terra e Mar, existente na década de 60 foi comprado pelas Sendas nos anos de 1969
Supemercados Merci (1958) foi comprado na época pelo existente Casas da Banha.
Supermercados Ideal (1960) também adquirido pelo forte grupo Casas da Banha.

Casas da Banha
Depois de ser uma das maiores redes de supermercados do Brasil, com mais de 8 mil empregados, 230 lojas e faturamento anual de US$ 700 milhões, a Casas da Banha teve sua falência decretada em 1999. A empresa ficou famosa por ter patrocinado durante vários anos o comunicador Chacrinha. veja comercial da época no video do youtube.

Cadeia Alimentar do Varejo:

Mar e Terra (1969) e Três poderes(2003) engolida pelo Grupo Sendas que foi engolido pelo Grupo Pão de Açúcar.

Merci e Idel (1958) engolidos pela Casa da Banha (1990) que faliu em 1999 e algumas lojas foram adquiridas pelo Supermercados Serra e Mar, que foi engolido pela rede ABC que foi engolida pelo Grupo Pão de Açúcar.

Disco (1988) é comprado pelo Paes Mendonça (1999) que é engolido pelo Grupo Pão de Açúcar.

Peg e Pag (1978) é vendido para o Grupo Pão de Açúcar.

Vamos ao um resumo das mudanças pelo País.(fonte portal apas)

1971 Surge o modelo de hipermercado, presente em duas lojas: um Peg-Pag, em São

José dos Campos-SP, e um Jumbo, do Pão de Açúcar, em Santo André-SP.

1972 A Companhia de Cigarros Souza Cruz compra 38 lojas Peg-Pag existentes no Sul

e Sudeste do País. Sendo 24 delas em São Paulo.

1974 A rede Eldorado de supermercados inova com o lançamento de marcas próprias.

1975 Chega ao País a rede francesa Carrefour.

1976 o grupo Pão de Açúcar incorpora a Rede Eletroradiobraz, com 50 lojas, sendo

oito supermercados, 26 hipermercados e 16 magazines (bens-duráveis).

1978 o grupo Pão de Açúcar adquire da Companhia de Cigarros Souza Cruz 80,35%

das ações dos Supermercados Peg-Pag.

1986 A rede Morita vende 28 lojas aos irmãos Peralta, que operavam a rede Peralta de

supermercados na Baixada Santista.

1987 uma joint venture entre o Pão de Açúcar e a Shell viabiliza a primeira loja de con-

veniência do País, a Express.

1989 o grupo português Sonae começa a investir no País com a compra da Compa-

nhia Real de Distribuição, do Rio Grande do Sul, e mais tarde chegaria em SP.

1992 A rede de Supermercados Futurama compra as lojas paulistas das Casas da Ba-

nha, em processo de falência.

1994 A rede Mambo compra cinco lojas da rede Gigante. Dois anos depois, incorpora

as seis lojas do Bazar 13.

1995 o Grupo Pão de Açúcar abre capital lançando ações na Bovespa.

1995 o gigante americano Wal-Mart instala sua primeira loja no Brasil, na cidade de

São Caetano do Sul, no ABC paulista.

1997 o Grupo Pão de Açúcar lança ações na Bolsa de Nova York.

1997 o grupo português Jerônimo Martins, que entrou no Brasil ao comprar a Rede

São Jorge, adquire a Rede Sé Supermercados.

1997 o Carrefour adquire 50% das ações das oito lojas da rede Eldorado.

1998 o grupo Sonae compra a rede paranaense Mercadorama.

1998 o Carrefour assume o controle acionário das lojas da rede Planaltão, que passam

a se chamar Champion.

1998 o Grupo Pão de Açúcar compra 32 lojas da rede Barateiro.

1998 o grupo português Sonae adquire 15% do capital dos Supermercados Cândia.

1999 o grupo Pão de Açúcar se associa ao grupo francês Casino.

1999 o grupo Pão de Açúcar compra a rede Peralta.

1999 o Carrefour adquire a rede mineira Mineirão.

2000 o Bank of America financia o primeiro modelo hard discount no Brasil: o Econ.

2000 o Grupo Pão de Açúcar compra as lojas do Reimberg, Nagumo e G. Pires, em

São Paulo.

2000 o grupo holandês Royal Ahold compra 100% da rede Bompreço.

2002 o Grupo Pão de Açúcar adquire as lojas Sé do Jerônimo Martins.

2004 o Wal-Mart compra a rede Bompreço do grupo holandês Royal Ahold.

2005 o Wal-Mart compra parte do grupo Sonae.

2005 o Carrefour compra a operação paulista do BIG, pertencente ao grupo Sonae







Contando história parte 1

A partir de hoje postarei alguns assuntos sobre o passado do varejo,e a primeira é esta que consegui no site museu da pessoa.

O ramo [mercado] de trabalho antigamente era mais fácil. Quando eu saía de um clube tentava vaga no outro clube. Através de um amigo e do conhecimento dos próprios sócios do clube. Para trabalhar lá dentro tinha que ter boa educação, saber lidar com as pessoas para poder ter um pouco de crédito. Falava: “Fulano, arranja uma vaga para mim?” O outro, aquele mais ruinzinho, mais peralta, eles já mandavam embora. O que é ser um bom boleiro: educação, rapidez. E não responder ao associado quando eles fala. Tem muito associado agressivo. É como o pessoal diz: “Não exija a minha educação. Mostre a sua.” Tem que saber esses dois lados: a pessoa ser agredida ficar quieta. Que ele tem muito mais a ganhar do que revidar aquela agressão. Com 15, 16 anos eu ainda era boleiro. Depois já estava grande demais. A minha família sempre foi grande. Eu falei: “Vou entrar no ramo de mercado.” Houve uma oportunidade no antigo Mar e Terra. Entrei como repositor. Peguei uma vaga, estava fazendo inscrição. Na José Linhares, 245, Leblon. Hoje em dia é uma imensa Casa Sendas. Mar e Terra eu só conheci esse da José Linhares onde eu fiz a minha inscrição. Que logo a seguir foi comprado pela Sendas e permaneceu.

LOCALIDADE
Comércio na Zona Sul
Tinha o antigo Mundial e o CB, é a Casa da Banha. Perto da Visconde de Pirajá. Tinha umas duas ali. Agora só é Mercado Zona Sul e Casas Sendas. Até hoje ainda tem o Mercado Rei das Tintas. Do lado de lá, perto da Ataulfo de Paiva, tem um Ponto Frio. Mais à frente tem o Mercado Zona Sul, que era antigamente era a Casa da Banha. Eram os supermercados mais perto que tinha ali. O resto é botequim, para os bebuns. Se bebia muito café. Cerveja só mais à noite.

TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
Trabalho na Casa Sendas
A minha experiência de mercado era de carteira assinada. Lá no mercado a gente que ia sempre repor os produto que os fregueses apanhavam. Eu trabalhava na sessão de perecíveis e cereais. Arroz, feijão. Tirava, repor. Eu pegava de 11 às 10. Tinha dois turnos. No primeiro o funcionário fazia a abertura , largava às 4. Depois tinha o segundo turno. Agora já mudou de novo. Já fizeram outro turno. Funcionário antigamente trabalhava 10 horas com duas horas extras. Agora funcionário só trabalha à base de 8 horas por dia com uma hora de almoço. Não mudou nada no mercado. Só a burocracia mudou. A gerência. Antigamente no mercado era mais prático de se comprar porque tinha coisas a varejo. Agora é tudo embalado. A própria seção de açougue era carne a varejo. Agora só é carne embalada. E isso dificulta para muita gente. Para a classe pobre principalmente. As bandejas são grandes. Os pedaços são caros. Nem todo mundo pode. Tem carne de segunda mais barata, que todo mundo pode pegar, mas não é vantagem.

O pessoal está correndo muito hoje em dia para outro lado aonde tem uma condição aonde você possa pegar uma carne, escolher. O Mundial, em Copacabana, vende carne a varejo. Lá você pede: “Me dá um quilo dessa.” Ele vai e corta do jeito que você quer. Na bandeja você não está vendo o que é que tem dentro da bandeja. Isso foi um tipo de mudança. Está certo que ficou com mais luxo, ficou mais bonito. Mas só para quem tem, para a classe média. Venho comprar no Mundial direto. É mais em conta. Nas Sendas a gente compra assim só mesmo numa emergência. Eu não vou lá comprar só uns 5 quilos de arroz, eu não vou só comprar um sabão. Compro aqui mesmo. Compra de mês quando tem que fazer, a gente pega vai lá. Faz uma compra maior. Porque uma compra de 120 reais que você faz no Mundial, nas Sendas quase dobra. Eu não digo dobra, mas dá mais da metade. Aumenta muito mais.

Não tinha vantagem para o empregado comprar. Quando eu trabalhava no mercado a gente fazia a nossa compra de mês. Mas eu fazia compra só do básico que precisava. E o resto eu dava o dinheiro à mulher ela comprava no varejo. Sempre foi melhor comprar a varejo. Não tem 6 anos ou 7 anos que acabou o a varejo.

Tem mercado tem condições de fazer um trabalho 24 hora. A condição do trabalho em 24 horas, em vários turnos de trabalho. E fica melhor dentro da Zona Sul, fica melhor para eles comerciar. Para a classe rica: “Não quero ir hoje de manhã porque o mercado está cheio.” “Então vai à tarde.” “Não quero ir à tarde. Quando todo mundo estiver dormindo eu vou, à noite.” Mas só facilitou mesmo para eles. Para a classe pobre não facilitou em nada.

Cheguei a pegar um pouco de saco de papel. Depois começaram a botar no saco plástico, na bolsa. E foram aprimorando. Passou a vir o saco, quando a gente comprava, perecível principalmente, botava no saco. Do saco para a caixa, bota na bolsa direto.

Só de Casa Sendas eu fiz 8 anos. Logo que eu entrei, em 1979, ainda tinha a marca Mar e Terra. Mas a Sendas tinha comprado. Em 88 foi a época que eu saí.

Quando eu entrei nas Sendas eu já parei um pouquinho de pescar. Já não tinha quase tempo. Era estudo, mercado, do mercado para escola. De repositor eu fui para encarregado de seção de não-perecíveis. Depois tomava conta também do hortifrutigranjeiro que era a seção de perecíveis. Teve várias mudanças de pagamento. O encarregado de uma sessão de cereais não-perecíveis ganhava menos que o encarregado de perecíveis. Era mais responsabilidade.

Foi quando o rapaz me botou como chefe de hortigranjeiro. De repositor, encarregado de não-perecíveis, depois passei para perecíveis. Dali eu comecei a trabalhar aos poucos no balcão. Eu trabalhei no balcão de salgados, no balcão de peixaria e um pouquinho na padaria. Eu era um funcionário, como é que se diz? Polivalente. Inclusive eu tenho até um papel meu com a minha avaliação. Muito boa e excelente. Entrei na seção de peixaria e na peixaria eu fiquei. Fui a chefe de setor de peixaria. Peixaria é arrumação, limpeza e bom atendimento. Quer dizer, não basta só a pessoa saber limpar um peixe se a pessoa em si já é toda suja, toda encardida, não tem também educação. Eu não era nem nascido quando já existia isso. Descamar e cortar na hora. Todo mercado que botava peixe tinha que ter um limpador de peixe. Tem um balconista, e tem um que toma conta em geral, faz a arrumação e repõe o peixe que falta.

Saída da Casa Sendas

As pessoas que compram o peixe não entendem de peixe. Geralmente um freguês que compra peixe vai pelo outro. “Será que esse está bom? Como é que conhece peixe? Abre a guelra dele e vê se está vermelhinha? Aperta no rabo?” Mas não conhece peixe. Eles ficam um no palpite do outro. Se ele comprar dois quilos de filé aqui e o outro falar: “Não leva, não, que está ruim”, ele deixa o filé. A classe brasileira, nossa classe aqui, é um teleguiado pelo outro, dentro do ramo do peixe. Poucos chegam: “Me dá esse peixe aqui.” O cara corta bota no bolso e vai embora. O resto pega, revira. Joga para lá, joga para cá. Mas não sabe nem o peixe que está levando. Eles compram gato como lebre. Lembro muito caso de freguesa. A freguesa chegou e falou: “Meu amigo, eu comprei um quilo de viola na feira. Mas isso aqui não é viola.” Levou para eu conhecer. Era arraia. Comprou arraia como viola. Era freguesa número um de comprar no mercado. Ela comprava muito. Então ela queria que eu visse. Compra filé de tiravira como filé de pescada.

Uma mercadoria, estando boa, dá para comer. Mas o pessoal não conhece peixe. Eles têm que chegar para o balconista ou para o encarregado do peixe: “Meu amigo, eu quero um peixe para assar.” Aí vão te dar um peixe para assar. “Você quer o quê? Um badejo, um cherne, um robalo?” “Um peixe mais em conta.” “Qual o filé melhor que eu posso dar para o meu filho?” “Filé de linguado.” Um filé que a criança come e não passa mal. “Qual o peixe que eu posso dar para uma pessoa doente?” “Um filé de pescada”. “Um filé de linguado.” E outras qualidades. Eu faço assim. Apesar de eu já ser peixeiro, quando vou comprar um peixe eu pergunto ao balconista: “Meu amigo, dá para o senhor me dar um peixe bom aí?” “Essa corvina aqui?” “Essa aqui. Eu quero essa aqui”. Já pego o meu peixe. para ler mais siga em museu da pessoa